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25 anos do sequestro do ônibus 174: o fracasso da nação transmitido ao vivo 286r4r

O que aconteceu antes, durante e depois do sequestro prova que a exclusão gera morte, mas não aprendemos a lição 3f5359

12 jun 2025 - 04h59
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Resumo
No dia 12 de junho de 2000, o sequestro do ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, durou mais de quatro horas e foi transmitido ao vivo, com desfecho trágico. O documentário de José Padilha – Ônibus 174 – é o melhor registro audiovisual do sequestro, considerado um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Sandro do Nascimento é da favela do Rato Molhado, em Belford Roxo, Baixada Fluminense, onde viu, aos oito anos, sua mãe ser morta a facadas.
Sandro do Nascimento é da favela do Rato Molhado, em Belford Roxo, Baixada Fluminense, onde viu, aos oito anos, sua mãe ser morta a facadas.
Foto: Divulgação

Hoje, 12 de junho de 2025, dia em que se completam 25 anos do sequestro do ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, deveria ser um feriado nacional. Para reflexão. Ok, talvez seja pedir demais, mas não custa sugerir que você assista, ou reveja, o documentário premiadíssimo de José Padilha, Ônibus 174. É o melhor registro audiovisual do sequestro. a581e

Poucas vezes tivemos oportunidade tão pedagógica de aprender que nosso processo brutal de exclusão gera morte. Sandro, o sequestrador do ônibus, viu a mãe morrer aos oito anos idade. Viu é pouco: ela foi esfaqueada, veio girando pelo bar, caiu em cima da faca na rua da favela do Rato Molhado, Baixada Fluminense.

Sandro segurou a mão da mãe até ela morrer, depois foi chamar a tia, que ou a criar o sobrinho. Mas o garoto começou a fugir e foi morar na rua. Onde? Nos arredores da igreja da Candelária, centro do Rio de Janeiro. E o que aconteceu? Em 1993, uma chacina matou oito crianças que moravam nas ruas. Sandro escapou. Ele costumava dormir isolado, em cima de uma banca de jornais.

Tendo escapado da Chacina da Candelária, sete anos depois Sandro tomou o ônibus da linha 174. Armado, muito louco, óculos escuros, camiseta na cara, um boné por cima. Todos os canais transmitem o sequestro, mais de quatro horas de puro suco da tragédia nacional.

Porém, a transmissão ao vivo não evidenciou aquilo que o documentário de Padilha demonstra por a + b: a lambança de quem deveria conter Sandro – inclusive com um tiro letal, pois havia clara justificativa, um sequestrador armado com dez reféns. Ele, inclusive, simulou ter matado uma mulher. Mas a polícia não parou Sandro dentro da lei. Preferiu asfixiá-lo, quando ele se entregou.

O documentário de Padilha vai mostrando o o a o – por isso é tão pedagógico – da “condução” do sequestro pela polícia, desastrosa desde o início. O ônibus não foi isolado; repórteres e curiosos permaneceram a alguns palmos do sequestrador armado; a transmissão ao vivo trazia mais gente ao local; os policiais se comunicavam por gestos, sem rádio ou celular; e quando, finalmente, o sequestrador se entregou, um policial matou a refém, tentando acertar Sandro.

O tiro gerou tumulto, policiais, jornalistas e curiosos aglomeraram, quase rola um linchamento. A vítima – que, depois, descobriu-se, estava grávida – é levada visivelmente morta, desfalecida, quase caindo do braço dos policiais. E Sandro é jogado em uma viatura, dois policiais pulam por cima, o carro sai em alta velocidade, helicópteros da imprensa transmitem ao vivo enquanto o sequestrador é asfixiado e morto em trânsito.

Sim, eu sei, historiadores condenam a relação direta entre causa e efeito entre os fatos, eles chamam de determinismo, quando uma coisa, necessariamente, gera outra. Em geral, os processos sociais são mais complexos. Mas no caso de Sandro, não: é uma linha direta entre exclusão e morte.

O sobrenome de Sandro, o sequestrador, é Nascimento.

Fonte: Visão do Corre
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